quarta-feira, 23 de julho de 2008

Enigma

Todo mundo sabe que apesar de ser útil, a internet tem vários sites que não servem absolutamente para nada, a não ser para dar algumas risadas. Dentre esses sites, há o Desenciclopédia, uma paródia do Wikipedia. Lá encontrei algumas definições bem interessantes sobre o universo matemático, digamos assim. Claro, que essas definições devem ter sido feitas por amantes tão viciados quanto eu nessa arte (?) que "cria resolve problemas que antes não existiam" (de acordo com o próprio site. Como uma fã assídua da matéria, irei concordar).
Creio que já tenha dado pra perceber o quanto eu sou apaixonada por tal matéria. Essa minha paixão inexplicável também é dividida com a Física. Perguntinhas interessantes tais como "Quais são a massa e o peso de um trenó de 630 kg?" ou "Qual a leitura da balança, supondo que ela está calibrada em unidades de peso? " me faz parecer excelente a idéia de pular da ponte. Qual o meu interesse em saber quanto pesa o bendito trenó? Além de probabilidade, outro assuto me fazia roer as unhas era lógica! Para mim, tudo aquilo que o professor explicava era ilógico, nunca fez o menor sentido. Fazia as provas tremendo, mesmo quando sabia a matéria. Quando ia nervosa, quase sempre a prova era fácil; quando eu ia tranquila, olhava para a prova e gritava estridentemente por dentro, porque parecia que eu nunca tinha estudado física em minha vida. Essas duas matérias sempre foram motivo daquela notinha 6.0 no boletim. Nessas horas, eu amaldiçoava o nascimento de Einsten e Newton.
Sou amante da área de Humanas e não há quem me faça mudar isso. Sei que os números são importantes, mas as letras são fundamentais. Quantas vezes nossos professores disseram que "tudo era questão de interpretação"? E interpretação faz parte da Língua Portuguesa. Não adianta falar que matemática não precisa do português. É claro que precisa! Creio que todo mundo já tenha recebido um e-mail cheio de números falando sobre a função do cérebro que decodifica automaticamete palavras como 3n1gm4 (enigma); certo que são números, mas para sabermos que a palavra é essa, tivemos que aprender que E mais N forma EN e por aí vai...
Óbvio que se não fosse pelos números, eu não teria esse blog. E se não fosse pelas letras, a informática não existiria.
Enfim, mesmo que a discussão entre gramáticos e matemáticos seja eterna, há espaço suficiente nesse mundão para essas disciplinas tão diferentemente odiadas; prova disso é o poema de Clarice Lispector: "Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil." Lindo, não?! Claro! Ela pertencia às letras...

domingo, 20 de julho de 2008

Vida, leva eu.

Fazer planos não dá certo. Sempre estamos planejando alguma coisa, até mesmo quando planejamos não fazer nada, já é um plano. Reparou que quando você sai atrasado e precisa esperar o ônibus, ele não aparece? Quando marcamos algo com um amigo, o espelho quebra, a calça não entra, a lente se perde. E nunca chegamos na hora certa. Nada acontece como planejado. É a Lei de Murphy ("Se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém a fará."). Tudo dá errado na hora que mais precisamos.
Acho que é por isso que muitos romances não dão certo. Porque são construídos à base de planos. "Amanhã você me busca na academia.", "Segunda tem jantar na casa de mamãe."; Nada é o que a gente imagina. Valorizamos demais os contos de fadas, em que tudo é perfeito e apenas uma bruxa má aparece para depois morrer no final. Na vida real, não apenas uma bruxa aparece; o mundo inteiro parece estar contra nós quando tudo vai mal. O salto quebra, o ônibus joga água suja em nós, o pombo decide sobrevoar em nossas cabeças, passa gato preto, a unha quebra, a inspiração não vem, e por aí vai...

Tem gente que diz que é melhor deixar rolar, deixar acontecer naturalmente. E eu concordo. Nada irá acontecer se você planejar ficar em casa sem fazer absolutamente nada. Não planejamos ficar tristes, mas ficamos. Não planejamos ficar doentes, mas ficamos. Não planejamos nos deixar levar, mas deixamos. Não planejamos nos apaixonar, mas nos apaixonamos. Porque é assim que a vida é. As coisas acontecem sem que nós percebamos, por isso não é preciso planejar, o que é pra ser, vai ser.