sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ho-ho-ho!

Era uma vez um bom velhinho que vivia no Pólo Norte. Todos os dias, Noel sentava em sua cadeira de balanço após um duro dia na fábrica de presentes, e assistia todos os talks-show americanos. Tentava responder a todas as perguntas e quando não conseguia, ele não se irritava. Apenas ria, e ria sem parar: ho-ho-ho! ho-ho-ho! ho-ho-ho!

Às vezes, e quase sempre, de tanto rir e balançar a enorme barriga, derrubava o seu copão de coca-cola, sujando toda a poltrona. Ah, mas ele não precisava se preocupar em limpá-la. Os duentes da Xuxa estavam lá para isso. Além disso, ele também tinha a ajuda da fofinha Mamãe Noel. De tanto fast-food, principalmente hambúguer do Mc Donald's, ele e a esposa engordavam dia após dia.
A casa de Noel era pequena e aconchegante. Na sala, havia uma lareira, uma poltrona, uma cadeira de balanço, uma mesinha, um televisão de plasma 42'' e alguns banquinhos junto à parede. No quarto, uma cama de solteiro para a Mamãe Noel. Noel dormia na sala, em sua poltrona, já que roncava muito e incomodava a esposinha. No banheiro, uma banheira limpinha, limpinha que quase nunca fora usada, já que eles tinham cheirinho de doce de criança( que também eram produtos da Fábrica Noel & Cia). E assim era a casa do bom velhinho.
Na garagem, um pouco distante de sua Mercedes, haviam as renas. Ah, essas sim eram os xodós do homem. Noel as treinava durante todo o ano e as ensinava a não andar feito gazelas. Ele pulava, saltava, rebolava e dava inúmeros exemplos mostrando o que as reninhas não poderiam fazer. E elas se divertiam. Um duente certa vez, chegou a filmar essas peripécias do velhinho e publicou o vídeo no YouTube. Ih! Foi uma confusão só. Papai Noel se enfezou e processou o pobre duente. E já que ele era ilegalizado, conseguiu mandá-lo de volta para a Casa Rosa.
Rudolph era a rena favorita de Noel. Ela tinha nariz vermelho e era um poço de bondade. Sempre o acompanhava em seus passeios noturnos.
Quando chegava o mês de dezembro, as renas começavam a pular, pular e metiam os chifres na parede para chamar a atenção de Noel. E então, ele ia lá para acalmá-las gargalhando "ho-ho-ho!". A partir do dia 1º, era contagem regressiva para o dia 25.
A produção na fábrica era acelerada. Alguns duendes caíam doentes, devido a tanta pressão. "Rápido, rápido, as crianças nos esperam" gritava o bom velhinho.
Finalmente, quando chegava o dia 25 de dezembro, o dia do Natal, Noel levantava bem cedinho, colocava seus óculos pequeninos, olhava pela janela e observava com um sorriso a neve caindo. Rapidamente, vestia suas calças vermelhas e ia acordar mamãe Noel: "Acorda, minha velha. Chegou o Natal! Ho-ho-ho! ". E ela, rabugenta respondia: "Tá bom, meu velho. Agora, vá escovar esses dentes! Que bafo terrível." E voltava a adormecer. O velhinho corria para o banheiro, pegava sua escova (em formato de rena) e escovava os pequenos dentinhos. Depois, com um pente, penteava sua enorme barba e passava creme Elsève para desembaraçar os seus brancos cachos. Depois de se arrumar, corria para a fábrica e organizava as listas de presente de todo o mundo. Pronto. Tudo estava perfeito. Os presentes estavam nos sacos, separados de acordo com idade, país e religião. Às 22 horas, Noel se despedia da esposinha e partia alegremente para praticar sua boa ação. E todo ano era sempre a mesma coisa: o velho ficava preso na chaminé. Então, ele precisava comer o biscoitinho da Alice (é, aquele biscoitinho que fez a Alice diminuir quando estava no mundo do livro) para poder descer tranquilamente e colocar os presentinhos debaixo das árvores. À meia noite, Noel e suas renas subiam e faziam a tradicional imagem na Lua.
Depois de uma cansativa volta pelo mundo, Noel ia pro bar do Bin e em troca de alguns presentinhos, bebia uma, duas, três, dez garrafas de Skol. Ao sair, vermelhinho como uma maça, Noel gritava: "Feliz Natal! Ho-ho-ho! Feliz ich Na...ich... tal!". E a sua voz ecoava docemente por todo o mundo.
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Fim.

Feliz Natal antecipado!

sábado, 15 de novembro de 2008

E então, viveram felizes para sempre...

A ficção é uma maravilha. Pense em quão bom seria poder viver a vida dos personagens dos nossos filmes ou livros prediletos. Os personagens podem tudo, fazem tudo sem ter um arranhão. Às vezes, até têm, mas no capítulo seguinte, já estão recuperados. Quer coisa melhor do que poder ressuscitar? Ou então, melhor ainda. Ressuscitar sendo beijada por um lindo príncipe, como aconteceu em Branca de Neve e os sete anões. Imagine se tivéssemos esse poder e o príncipe fosse Gael Garcia Bernal... Aposto que deu um suspiro.
Ou então, imagine uma historinha clichê, como aquelas dos contos de fadas. O príncipe e a princesa se apaixonam e vivem a mais fantástica história de amor... que bom seria trazer isso pra vida real. Acordarmos todos lindos, cheirosos, com o cabelo arrumadinho, dentro de um castelo. Quer história mais linda do que a da Bela e a Fera? O amor deles é capaz de vencer o mais poderoso feitiço. A Fera volta a ser um lindo príncipe e então, Bela e ele vivem felizes para sempre. Embora o verdadeiro amor possa vencer todas as barreiras, aqui no mundo real, a Fera continua sendo Fera e a Bela, com o passar do tempo, deixa de ser bela.
Estou lendo um livro chamado "Você já pensou em escrever um livro?", de Sonia Belloto. Nele, a autora mostra o imenso poder que a leitura tem sobre nós. Há um trecho interessante que diz:
"Neste exato momento, se você parar de ler por alguns instantes e prestar atenção, vai perceber uma leve coceira em algum ponto do seu corpo. Pode ser bem sutil, mas está coçando. Pare e sinta. Viu como eu tinha razão?".
Esse trecho comprova que, de certa forma, vivemos a vida dos personagens (mesmo que seja apenas por alguns instantes) quando nos envolvemos na leitura. Claro que é uma pena não podermos trazer os príncipes, as princesas e os sete anões para a nossa realidade. A única solução que nos resta é nos contentar com os sapos, as bruxas e os preguiçosos.
Ah, mas o que importa? Vivendo em um mundo perfeito, ou não, o importante é viver.