segunda-feira, 30 de junho de 2008

Vinícius ou Lacraia?

Resolvi fazer algumas queixas sobre os chamados artistas do Brasil. O país quase inteiro pára pra assistir a 10545ª edição do Big Brother Brasil. De lá, saem os heróis mais queridos do Brasil. Heróis? Eles são chamados de heróis. E por que? Porque ficaram trancados, "incomunicáveis", sem receber nenhuma notícia do mundo real. Isso é heroísmo? Não. Os verdadeiros heróis são aqueles que salvam vidas, não os que as manipulam. Afinal, é isso que acontece com os brasileiros plugados durante a apresentação do programa; o público é manipulado e sabe disso, mas se deixa enganar.
Noutro dia, estava eu caminhando pela rua, quando passei por uma banca de jornal. Além dos trágicos acidentes, tiroteios, pancadarias, estava a tal da mulher melância. (obs: reparou que as frutas estão se tornando famosas? Dani Bananinha, Mulher Melancia...) Sempre ouvi os caras falando quase babando por essa mulher, mas nunca tinha visto. Semana passada, saiu em umas das primeiras páginas do jornal que a Melancia tinha levado sido agredida. Fui ver do que se tratava. Ela estava sentada sorrindo com uma pequena atadura em vota do tornozelo, no entanto a imprensa alarmou porque uma artista havia sido vítima de violência. Outra artista brasileira que me deixa indignada é a Bruna Surfistinha. A mulher já lançou livros que ficaram em 1º lugar no ranking de vendas. Enquanto verdadeiros escritores, cheios de histórias enriquecedoras, estão na rua da armagura. Quem entende isso? Talvez seja por esse e muitos outros motivos que vivem dizendo por aí que o Brasil nunca irá pra frente. E com razão. Ao invés de propiciar cultura, os grandes empresários investem em bundas, não em inteligência, como deveria ser.
Hoje saiu uma notícia no jornal Extra sobre uma tal de Sabrina Boing Boing. Em letras garrafais dizia: Sabrina colocou 1 litro de silicone e se prepara para lançar cd. Lançar CD! Provavelmente mais um funk repleto de palavras inúteis que só vão contribuir ainda mais para a degradação da nossa música no exterior. Não é a toa que muitos estrangeiros não levam a sério a maioria dos brasileiros. Provavelmente eles esqueceram de que antes desses artistas, existiram Elis Regina, Tom Jobim, Renato Russo e muitos outros, que mereceram e ainda merecem serem chamados de artistas, porque é isso que realmente foram. Eles conquistaram esse direito.
Não nego que às vezes é preciso se desligar dos problemas e se distrair. Bisbilhotar o BBB, curtir funk, ler biografias não tem nada de mais. No entanto, é preciso reconhecer e diferenciar os heróis dos heróis, os escritores dos escritores, os músicos dos músicos. Afinal, tudo que é construído hoje será refletido no futuro de nossos filhos. E então, o que será melhor para eles? Serem influenciados por Machado de Assis, Vinícius de Moraes, Legião Urbana ou Surfistinhas, Boings ou MCs e Lacraias? Creio que apenas pelos nomes, dá para se tomar uma excelente decisão!

6 comentários:

Anônimo disse...

miga,concordo em gênero e grau com está sua indignação,pois é minha também.
Os valores se inverteram,a boa cultura tem ficado pra trás.Os bons programas de televisão e as boas músicas tem ficado pra trás,no mar do esquiecimento,pois a nossa cultura está tendo uma grande queda para a pornografia e não para coisas de qualidade.Trocamos um Vinícius de Mores,Caetano Veloso,Chico Buarque,Legião urbana pela mulher melância e Mc créu!!!Aonde iremos parar??Deixamos com que essas más influências entre em nossas casas e contaminem nossas crianças,pior,depois falamos que são os professores que não educam as crianças.
Lamentavél!



amiga,beijãoo!
te amo!!!

Rafael Marotta disse...

Ei lindinha,
a sociedade que vc vive hj, eh uma sociedade manipulada pela midia, onde precisa ter seus herois "pops" e fugir da realidade em que vive.
A diferenca que eu vejo, eh que a alguns anos atras meu pai criticava a danca da garrafa, quem nao se lembra daquele grupo de axe??? se podemos chamar isso de axe. pois eh, ninguem acreditava que isso pudesse piorar, porem, com essa onda de funk, tati quebra barraco, creu e companhia ltda, vejo que as coisas estao indo de mau a pior.
Enquanto outrora as pessoas podiam escutar musicas de chico buarque, caetano veloso, belas musicas, com conotacoes literarias e criticas da sociedade, hj as musicas nao tem sentido, nao criticam nada, mas alienam a sociedade de tal forma que ninguem mais pensa.
Pra te ser sincero, qdo saiu o primeiro big brother eu tive a curiosidade de assistir um ou outro, no entanto, eh uma perda de tempo tao grande que eh preferivel chamar um companheiro e desafia-lo num torneio de cuspe a distancia, rs.
Os valores de nossa sociedade estao invertidos, onde o certo hj eh um homem casar com um homem, uma mulher casar com uma mulher, e essas pessoas ainda poderem adotar uma crianca para passar esses valores pra eles.
Podem me chamar de cabeca fechado, o que for, mas certos preceitos religiosos por mais que uma pessoa se diga ateu, se eh que existe alguem que nao acredita em nada, devem ser analisados e revistos, pois sao preceitos que sao regulatorios a mais de dois mil anos.
Quando eu vejo uma mulher melancia fazer sucesso pq tem um bundao, eu fico imaginando, e se ela tivesse cerebro??? estaria talvez pleiteando um emprego num dificil mercado de trabalho onde todas as areas estao saturadas.
Gostei muito de ler o que vc escreveu, pois sei que vc eh uma pessoa que tem valores morais e eticos e principalmente demonstra ter um alto grau cultural.
A cada dia que passa vejo o quao especial vc esta se tornando pra mim.

Te adolu.


Rafael Marotta

Paulo Mendonça disse...

Nem comento este texto...
Depois dessa coinscidência eu fiquei sem ação,rsrs.
Concordo é claro com cada palavra escrita, é óbvio.


Ué,eu não disse que não ia comentar? =P

Unknown disse...

ola, que bom que voce aceitou o convite que fiz e deu uma passada no Experimentando Versos. No mundo dos blogs, mas, tambem, na sociedade, apostar no coletivo é uma importante estratégia para a construção de novas formas de relacionamento, solidariedade e, sobretudo, novas maneiras de viver. Até por isso, já adicionei o link do seu espaço no meu blog em "blogs amigos".
Quanto o seu texto, ele levanta uma questão importante - alias, mais uma que não é discutida - sobre os novos contornos da arte na contemporaneidade (ou, pos-modernidade, hiper-modernidade etc).
O que é fazer arte em nossos dias? Como a arte passa a ser coletivizada? Quem tem acesso as inumeras obras de arte? O que é ser artista?
Falar em arte em nossos dias é, tambem, discutir a maneira pela qual a lógica de funcionamento do sistema neo-liberal se apropria de algumas expressões artisticas e as transforma em mercadoria.
A arte enquanto objeto de consumo capitalista não é arte, pelo contrario, é apenas uma mercadoria de utilização efemera, de qualidade discutivel, de superficialidade flagrante. Efeito da produção da industria cultural.
A grande maioria dos artistas brasileiros que, por exemplo, fazem musica popular de qualidade são excluídos das programações das grandes rádios. Isto porque o que interessa é o quanto às gravadoras podem e querem pagar para a divulgação de determinado artista.
A lógica do mercado, do consumo, da competição, afetam tanto as maneiras de pensar, de sentir, de se relacionar, enfim, de viver; gerando, por consequencia, uma determinada forma estereotipada de ser cidadão - daquele que não se reconhece como ser político -, uma forma generalizada de viver cada um seus próprios pesares de modo individual e interiorizado -decretando a morte do sujeito publico.
Todo este cenário marcado pelo consumo de modos de viver, pela mercantilização da arte, pela resignação coletiva, nos afeta de diferente maneiras: uns olham a realidade desigual e fingem que não vêem, ou sem enxergam, não compreendem; outros se revoltam, gritam, mas ficam apenas limitados a uma explosão discursa já mais do que encenada.
Como você escreveu, as mulheres que se tornam figuras midiaticas, tem seus corpos associados a nomes de frutas. Dentro desta logica, fabrica-se a imagem de uma mulher esteticamente linda, politica e intelectualmente vazia, e que é destinada a ser literalmente comida. Os homens - pelo amor de deus não somos todos assim, "babões"- não recusam o cardápio oferecido pelas imagens da sociedade de consumo e, incapazes de experimentar de fato as frutas oferecidas, se contentam em babar diante da ilusão que os faz sonhar com tal horti-fruti feminino.
Como cantava a legião: somos tão jovens. Tão jovens que ou aceitamos o desafio de nos implicar com a transformação deste estado de coisas – com nossa própria transformação – e a criação de uma outra realidade onde as mulheres não sejam feitas para virarem frutas e arte não seja mercantilizada, ou, então, assumimos que não passamos de uma nova versão da geração coca-cola e que, por mais que nos sintamos frustrados em nossos sonhos tão cedo abortados, veremos nossas vidas passar como num filme e, pior, neste o papel que nos caberá será o de meros coadjuvantes. Eu acredito na primeira opção, mas a vida feita de escolhas e pelo andar da sociedade já podemos notar para onde as pessoas estão caminhando.

Um abraço,

Ps. Desculpe pelo tamanho do comentário. Ficou grande porque conjugou o meu prazer em escrever com a minha vontade de participar de discussões e debates. Na próxima vez, eu juro que escrevo apenas um parágrafo.

Anônimo disse...

olá!
gostaria de fechar parcerias com você...
conheça blog de SARAU AMPLIFICADO: O Fogo Anda Comigo (thefirewalkswithme.blogspot.com)
compartilhe sua pessoa em versos!

ana bia disse...

Titii!
Exatamente o que eu penso, e que comentei com um amigo quando ele perdeu o prêmio Ibest... as pessoas preferem saber as últimas inutilidades públicas a ler alguma coisa que acrescente cultura!!

Grande texto, parabéns ^^

beijoos